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AULA 4: PONTO DE PARTIDA DO FILOSOFAR

Publicado em 17/01/2020

AULA 4: PONTO DE PARTIDA DO FILOSOFAR

Husserl está convencido que a primeira forma de relação do homem com o mundo não se situa na ordem do conhecimento ou da representação, pois nossa compreensão de mundo é anterior às determinações científicas. Essa certeza é fundamental para o ato de iniciar a filosofar. Não se começa com as representações, com os conceitos. A filosofia, para ele, tinha uma função especial, de criar uma “nova forma cultural” que estabelecesse “uma nova relação de convivência comunitária”. Assim, a comunidade profissional dos filósofos teria por tarefa dedicar-se a “uma movimento comunitário crescente em vista da educação, afirma Husserl (1996, p. 70-71). E esclarece:

Eu procuro percorrer os caminhos que eu mesmo tenho percorrido, não para doutrinar; procuro simplesmente perceber, descrever isso que vejo. Eu não tenho nenhuma outra pretensão senão a de poder falar, antes diante de mim e depois dos outros, com conhecimento de causa e em plena consciência como alguém que tem vivido em toda a seriedade o destino de uma existência filosófica (1954, & 7, p. 17).

A filosofia assim se torna um diálogo intersubjetivo e uma meditação infinita. Somos um laço de relações e nisso consiste a necessidade de uma reflexão que caminha de maneira intersubjetiva, e não uma meditação que ocorre e se desenvolve tão somente no espaço restrito e solitário de uma sala. A filosofia não pode tornar-se uma doutrina, pois assim não educaria, mas domesticaria. Não tornaria os homens livres. A filosofia só cumpre sua tarefa na medida em que torna e transforma as pessoas em seres livres. “A filosofia não torna livre apenas o filósofo, mas também qualquer homem que seja formado na filosofia” (HUSSERL, 1954, p. 6). Não uma liberdade como expressão de um indivíduo isolado. Ela nos obriga a buscar as diversas gêneses de sentido. O filósofo tenta pensar sempre o mundo, o outro e a si mesmo. Inclusive tenta pensar o transcendente, Deus¹ .

Sobre isso, Husserl (1954, Hua VI, p. 5-6) nos oferece uma compreensão lapidar: 

A primeira coisa é a teoria filosófica. Deve ser posta em prática uma consideração racional do mundo, livre dos vínculos do mito e da tradição em geral, uma consciência universal do mundo e do homem que proceda com absoluta independência dos prejuízos – que alcance enfim o conhecimento no mundo mesmo, a razão e a teleologia que lhe são imanentes e o seu mais alto princípio: Deus. 

Foi por esse caminho que desenvolvi uma via não teológica para Deus, ou seja, sem ser negação, mas percorrendo os caminhos do mundo, da história, nessa teleologia que nos conduz ao bem.

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¹ Conferir a tese de doutorado de Cavalieri, EDUFES, 2013: “A via a-teia para Deus e a ética fenomenológica a partir de Edmund Husserl”.


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