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RELIGIOSOS E SEUS CORPOS ADOECIDOS

Publicado em 16/08/2021

Observo o fenômeno do adoecimento psicossomático das lideranças religiosas há anos. No inconsciente do grupo dos clérigos, existe a crença que as dores físicas são um holocausto agradável a Deus para purificar a alma, sendo necessário submeter o corpo sob a razão e alienando o corpo para salvar a alma. Deus não é sádico e a dor física patológica é uma afronta ao mistério salvífico. Nessa crença demasiadamente anacrônica se evidência uma estratégia de sobrevivência que adoeceu e adoce gerações de membros do clero. Assim, a somatização do sofrimento psíquico é a cartografia da enfermidade da psique, expressa no corpo de cada presbítero. Essas crenças são fruto de uma psique traumatizada.

Entendo trauma a partir das pesquisas e dos trabalhos do Prof. Dr. Franz Ruppert, psicólogo e professor da Escola Superior Católica de Munique, do Dr. Gabo Maté, médico húngaro-canadense e de Peter A. Levine, PHD em física médica e doutor em psicologia, criador do método somatic experiencing. Sendo assim, o trauma é a impotência e o desamparo perante riscos de um determinado evento. Ocorre quando uma realidade muito difícil nos é imposta e criamos uma ilusão dessa realidade para substituir a realidade real difícil, com o propósito de sobreviver, evitando assim, a gêneses da dor do fato traumatizante. Trauma não é o que acontece com você, é o que acontece dentro de você como resultado do que aconteceu com você. Segundo Franz Ruppert, o stress decorrente do fato traumatizante é um risco à vida e para se manter vivo ocorre a cisão da psique em três partes; a saudável, a traumatizada e a da sobrevivência.

A terceira parte supracitada cria estratégias para sobrevivência ao trauma como; evitar lembranças do trauma, controlar a si mesmo e as pessoas, procurar compensações, criar ilusões, atitude de submissão e agressão latente, projeção nos outros dos próprios sentimentos negativos, congelamento das emoções e negação da realidade. Com o passar do tempo, a estratégia passa a ser a lente da qual se enxerga a vida, o que estrutura o comportamento. Para evitar a dor original do trauma, a psique gera uma contenção de energia psíquica para manter o fato que originou o trauma “esquecido”, pelo maior tempo possível. Assim, a pessoa passa a sobreviver e não viver, sendo seu mundo visto de forma distorcida e suas relações transitadas entre ser vítima e perpetrador.  

O corpo e psique que desde a concepção estavam inseparavelmente entrelaçados no organismo vivo, a partir do trauma fica cindido, sendo visto como estranho, alienado. Os traumas provocam uma separação do Eu e do Corpo, exprimindo-se no corpo e na psique por meio de sintomas. Essa cisão é verificada na expressão “eu tenho um corpo”, mas a verdade é “eu sou o meu corpo”.   Para Franz Ruppert, o trauma psíquico impossibilita a relação saudável com as pessoas, traz consequências emocionais que não conseguimos lidar no cotidiano e assim, substituímos a realidade por fantasias. Franz Ruppert os nomeia traumas da identidade, do amor, da sexualidade e perpetrador-vítima.

Os traumas mais profundos têm sua origem na vida intrauterina, sendo retroalimentados e cristalizados nas relações competitivas dos grupos sociais que o indivíduo pertence, o primeiro grupo é a família. Todos nós temos uma necessidade inata de pertencer a um grupo de semelhantes, porque somos por natureza seres gregários. As relações de competividade entre os membros do grupo que pertencemos reforçam as estratégias de sobrevivência, tonificam os traumas, aumentam os níveis de estresse, levando o organismo a liberar excesso de cortisol e adrenalina, resultando em adoecimento.

No grupo dos clérigos o nível de competividade frequentemente é velado no discurso do serviço à Igreja e a maioria dos membros, fazem um movimento de serem vistos de forma especial pela figura que representa o poder, o bispo. Na competividade o objetivo é obter o poder, e quem negocia com o poder quer alguma coisa do poder ou até mesmo se tornar o poder. No fundo, são adultos que a partir das suas feridas infantis lutam para serem vistos pelos pais, representados na figura do bispo ou do superior da congregação religiosa.  

A instituição religiosa na qual o presbítero se tornou membro por força de um rito, gerou um vínculo de pertencimento. No entanto, essa pertença não promoverá frutos se as relações forem de competição. Somente pela convivência adulta e saldável nasce o afeto e o vínculo de pertença afetiva, originando uma relação cooperativa entre os membros. Os relacionamentos competitivos contribuem para uma cristalização dos traumas, e a instituição não oferece espaço seguro e adequado de expressão dos conflitos do mundo interno dos presbíteros.

 A falta de expressão gravada no corpo e sinalizada pelos sintomas, adoecem ainda mais os indivíduos, e por conseguinte, os relacionamentos estabelecidos entre os demais membros da instituição, sendo em sua maioria tóxicos. Num círculo vicioso, os membros traumatizados reforçam suas estratégias de sobrevivência, adoecendo ainda mais a si próprios, tanto nas relações dentro e fora do grupo do clero, quanto na própria instituição. Assim entendo que, quando no grupo todos se tratarem como adultos, a começar pelos membros da hierarquia eclesial, dar-se-á o início das relações de cooperação, pois cada membro será visto com sua própria identidade, conectados numa consciência de pertença afetiva e efetiva. Então, far-se-á necessária a aprendizagem da expressão dos sentimentos conflitivos de forma saudável e terna.

Vejamos, o confessionário não é um local de expressão dos conflitos do mundo interno, pois os conflitos expressos nesse local correm o risco de serem “demonizados” ou serem vistos como “pecado’” tanto por parte do confessor quanto por parte do penitente. Essa visão moralizante reforça a repressão psíquica. Os conflitos internos que não são elaborados em ambiente seguro constituem terreno fértil para o surgimento do pecado, no sentido originário dessa palavra, em hebraico: errar o alvo. É necessário distinguir pecado de conflitos psíquicos.

Uma expressão curativa das feridas e dos conflitos do mundo interno exige tempo, ambiente de confiança, reciprocidade, assiduidade, disponibilidade e acolhimento. Assim, para alcance significativo dessas exigências, é preciso ser presente no ouvir sem julgamento, buscando sempre a habilidade da escuta num processo de ajuda, levando assim, o indivíduo da vitimização ao protagonismo, do estado de infantilidade para sua condição de adulto, de sua fixação no passado para o tempo presente, onde ele passa a encontrar sua força de mudança e a responsabilidade pela sua própria vida.  

Portanto, quem ouve tem que ter passado pela experiência de ter falado de si mesmo, de seus próprios conflitos, para alguém experimentado. Uma figura adequada poderia ser um conselheiro espiritual habilidoso, humano e experiente. Necessariamente não precisa ser alguém formado em psicologia, e sim alguém que tenha feito o caminho interno e se humanizado com suas próprias dores, porque há quem passe pela dor e se torna amável e quem passe pela mesma dor e se torna amargo. Não pode ser um ouvinte jovem, esse ainda não teve tempo de vida para trilhar os vales do coração e da vida espiritual. Não é uma questão de conhecimento intelectual e sim de sabedoria, que somente o tempo de experiência concede para quem permaneceu e permanece aberto à força da vida que nos renova. Logo, é necessário ter percorrido “as moradas do castelo interior”, nas palavras de Santa Tereza d’Ávila, porque existe uma diferença entre conhecer o caminho e trilhar o caminho.  Bessel Van der Kolk diz: “apoio social não é o mesmo que estar na presença de outra pessoa, é estar de forma recíproca, é a reciprocidade que faz a diferença, ser verdadeiramente ouvido e ser visto pelas pessoas ao nosso redor, sentir que estamos seguros no coração e na mente de outra pessoa. Mas se suprimo quem sou, ninguém nunca vai me ver e posso ser muito legal com milhares de pessoas que me amam, mas nenhuma delas me conhece e no fundo estou isolado”.

De todo trauma dá-se origem a uma estratégia de sobrevivência. É a maneira que a psique encontra de evitar a dor. Para alguns a escolha do ministério pode ser uma estratégia de sobrevivência.  Isso me toca profundamente pois sou membro de um presbitério há quase três décadas e percebo que o sofrimento psíquico é latente nas relações clericais, pautada na competividade e não na cooperatividade. Embora a maioria dos membros do grupo dos presbíteros sinta o mal-estar da toxicidade das relações, não conseguimos enxergá-lo e nem o nomear. Bem disse Clarice Lispector, “o óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar”. A luz da verdade evidente ofusca os olhos.  Negamos a realidade e vivemos de fantasias, todos sabem que o rei está nu na sacada do palácio discursando, mas, ninguém ousa denunciá-lo, mas pelo contrário, os membros da corte e os plebeus ouvem e admiram o discurso vazio.

 

Ações corajosas


Nos últimos anos a Igreja realizou movimentos significativos buscando respostas acerca da realidade do sofrimento psíquico e emocional de alguns membros do clero, membros esses, que sofrem e fazem todos sofrerem, pois se um membro sofre, todos os outros sofrem (1Cor. 12,26). Foram posições corajosas, no passado não tão distante, a regra era de negação dos conflitos causados por crimes de violência contra as crianças, enriquecimento ilícito do clero etc. Em muitas Igrejas particulares e congregações, os critérios de seleção e admissão ao seminário passam pela colaboração de profissionais leigos da área da psicoterapia. A psicoterapia é uma importante aliada da espiritualidade. Um religioso precisa se autoconhecer para interagir como indivíduo adulto de forma saudável no grupo ao qual pertence. 

As normativas e punições sobre abusos de crianças e adolescentes por alguns membros do clero chegaram corajosamente pelas mãos do Papa Francisco. O idoso olhou com ternura e compaixão para as jovens vítimas, e essas possivelmente já se encontravam marcadas pelo trauma do amor originado na relação mãe-filho no âmbito familiar. Esses perpetradores são indivíduos fixados no trauma sexual, eles conseguem identificar suas vítimas que “exalam” carências originadas do trauma do amor. As vítimas expõem suas necessidades do contato de amor verdadeiro de forma inconsciente e exposta, poderá ser retraumatizada por um novo perpetrador, deixando-se assim, se envolver num arranjo de sofrimento vítima-perpetrador.

Portanto, o círculo vicioso de sofrimento psíquico devido aos abusos do passado se torna crescentes e mais intensos na nova relação abusiva. O perpetrador não chega em todos, chega apenas nos que são vulneráveis psiquicamente. A vítima busca o amor e encontra um contato físico abusivo. Assim, perpetrador e vítima foram traumatizados um dia em sua infância, devendo ambos serem vistos com amor.   Logo, as leis sancionadas pela Igreja Católica sobre questões de abusos são fundamentais e deverão gerar os próximos passos necessários; a educação do mundo interno de cada presbítero tanto no presente quanto no futuro e a colaboração da Igreja no processo de formação da ética cristã nas famílias. A lei frutuosa é a de caráter coercitivo e educativo, sendo necessário um olhar amoroso para as vítimas e os perpetradores num movimento resolutivo, ou seja, um olhar de justiça inclusiva e nunca de vingança e exclusão.

 

O Óbvio sentido, sem voz  


Sinto em meu corpo e vejo nos corpos dos meus pares o incômodo de adaptar-se a um modelo de presbítero posto como ideal. Essa idealização arcaica se contrapõe com a realidade dos membros do presbitério nos tempos atuais. Alguns presbíteros na tentativa de construir uma identidade fazem um movimento externo, usando roupas litúrgicas tridentinas com brocados reluzentes, já outros fazem o movimento contrário, usando vestes litúrgicas tristemente simplórias. Esses movimentos de busca de identidade presbiteral no foco externo não ajudam e nem tem força. O movimento permanente e produtivo nasce de dentro. Na esteira do movimento externo estão a maioria dos que aspiram ser padre, afinal o desejo começa com o olhar.   Já alertou o Mestre, “[...]não se põem remendo novo em vestes velhas” (Mt.9:16) e o contrário é verdadeiro, não se põem remendo velho em vestes novas. Desafios novos exigem novas respostas e soluções criativas que expressem verdade e congruência.

Alguns líderes religiosos lançam mão da máscara do otimismo e alegria durante uma ação litúrgica sob o rosto abatido e triste, alguns presbíteros vivem uma desconexão entre o que sente e o que é dito em público, sendo o saldo, uma ação litúrgica desgastante, vazia e um presbítero dividido internamente. Se pelo contrário, o presbítero tomar consciência que pode celebrar com suas dores e tristezas, expressando esses sentimentos e emoções, a assembleia ficará tocada e ele seguro ao expressar a verdade interna.

Afinal o mistério celebrado é o memorial da vida, paixão, morte e ressurreição do Senhor e quem o preside está misticamente ligado ao mistério celebrado, podendo sorrir e chorar com o Senhor, a partir da sua própria experiência de vida. Lembro-me de Fernando Pessoa através de seu heterônimo Álvaro de Campos em um trecho do poema intitulado Tabacaria, que diz, “[...]Fiz de mim o que não soube, e o que podia fazer de mim não o fiz. O dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, já tinha envelhecido[...].” (CAMPOS, 1944, p.252). Diz Gabo Mate sabiamente: “Quando vivemos desempenhando papeis, estamos sobrevivendo, e o nível de estresse se torna alto e isso leva ao adoecimento. Desempenhar papeis leva ao adoecimento, porque fazer isso é estressante. Por trás do desempenho de papeis existe o medo, e o medo é um estado de estresse.”

Viver divido é sobreviver, e o modo de sobrevivência é insuportável, é adoecedor. Quanto mais o indivíduo cria e encontra estratégias de sobrevivência para evitar o sofrimento psíquico, mais ele mergulha em ilusões que comprometem sua identidade, podendo mais cedo ou mais tarde se ver impossibilitado de viver uma vida autônoma e criativa, dando lugar as patologias da depressão, da síndrome de Burnout e outras doenças físicas e psíquicas, podendo levar alguns ao surto e ao suicídio. Recordo-me que numa conversa informal, um conhecido irmão que é pastor evangélico expressou sua preocupação sobre esta temática do suicídio e outras doenças que acometem o grupo de pastores protestantes e evangélicos-pentecostais. Sua abordagem pontuava o alto índice de suicídios entre os pastores nos últimos cinco anos, sendo causa de grande preocupação na comunidade evangélica. As lideranças religiosas estão num grande sofrimento psíquico, independentemente de sua confissão religiosa. A dor emocional e psíquica não se cura com citações dogmáticas religiosas, se cura mergulhando nas próprias emoções de forma responsável e amparado por quem já percorreu o mesmo caminho.   

Dados apontam que no clero católico brasileiro entre os anos de 2017 e 2018 houve vinte casos de suicídios e dia após dia presenciamos presbíteros tentando e conseguindo tirar a própria vida, somando-se até julho de 2021 cinco novos casos confirmados. Ademais, nos vemos circunscritos na pandemia da Covid-19 que ceifou e ainda ceifa milhares de vidas. Escreveu Alberto Camus: “o suicida prepara o suicídio como uma obra de arte”. E nós não observamos a preparação porque nossas relações estão cada vez mais destituídas de afeto e mais competitivas. Quando a obra de arte está pronta nos espantamos de pavor e nos silenciamos até a próxima vítima.

 

O desencanto pela própria vida e o ministério presbiteral evidencia-se no abuso do álcool, aumento do número de obesos e diabéticos, pressão arterial descontrolada e aumento de cardiopatias, isolamento e reclusão, vida sexual perversiva, ações heroicas inócuas, excesso de atividades sem o devido descanso causando exaustão física e psíquica, depressão e ansiedade, e consequentemente, um aumento de membros do clero tomando fármacos como ansiolíticos e hipnóticos. É preciso lembrar alerta Gabo Mate que “as doenças decorrem do padrão, estilo de vida que uma pessoa desenvolve na vida. As doenças aparecem como característica do estilo de vida, que é vivido de forma inconsciente. Doença não é uma entidade fixa, é um processo que não está separado da vida da pessoa.’ 

 

É perceptível o expressivo adoecimento psíquico dos presbíteros no Brasil sem o suporte necessário, e o crescimento da espiritualidade alienante poderá levar mais cedo ou mais tarde ao aumento de casos de suicídio e surtos psicóticos. As evidências estão nos corpos dos presbíteros, “eu sou o meu corpo” e ao contrário do que foi dito: “quem vê cara não vê coração”, engana-se, “quem vê cara, vê coração”. Tudo está presente em nosso corpo, ou seja, dores, alegrias, traumas, desejos e frustrações. Nossa identidade é expressa no corpo, tudo em nós realizado ou frustrado, pensado ou suprimido, se fez carne. A mente, mente, o corpo sempre diz a verdade.

Nos corpos sagrados do clero, por serem humanos, porque todos os corpos são sagrados e toda carne é sagrada, está escrito os traumas.  Os líderes religiosos pagam um alto preço ao esquecerem seu corpo, afinal a carne é sagrada e Templo do Espírito. Assim, a sacralidade da carne ocupa no ato de fé um lugar privilegiado, “creio na ressurreição da carne”, a alma se expressar no corpo. Logo, cuidando do corpo com equilíbrio, teremos o corpo que merecemos, uma vida saudável.

Os presbíteros são seres desejantes e desejados, que agindo “in persona Christi” em momentos litúrgicos continuam humanos. No entanto, alguns presbíteros usurpam a “imagem divina”, apegando-se a ela como sua primeira expressão. Essa ação é contraria a de Jesus que se expressou em plenitude em sua humanidade. Desejando se tornar humano o Verbo se fez Carne, ou seja, toda carne é santificada e sagrada. Assim, o presbítero que despreza sua humanidade comunica a imagem de um ser perfeito e mítico através das vestes litúrgicas e de certos ritos arcaicos. Isso é uma imagem fantasiosa, a comunicação corporal sob as vestes é real e a comunicação verbal passa por filtros sociais, “a mente, mente”, mas a corporeidade exprime fatos.

A imagem fantasiosa comunicada aos fiéis é creditada dentro do sistema de crenças do qual ambos pertencem. Assim, num ciclo crescente de tenção psíquica e emocional evidencia-se esgotamentos e sofrimentos, fantasias e desencanto, decorrentes da cisão psíquica original. Muitos fiéis acreditam na “imagem perfeita”, e por acreditarem, fazem exigências sobre-humanas ao presbítero para suprimir suas carências existenciais. Desse modo, os presbíteros por serem meramente humanos não podem satisfazer as necessidades dos outros, porque nem conseguem satisfazer as suas próprias necessidades. No entanto, impelidos pelo sistema de crenças do qual pertencem, que é do sacrifício, se lançam em satisfazer as necessidades infantis dos fiéis, surgindo assim, a sensação de impotência por parte do presbitério, porque nunca irá satisfazer as necessidades infantis advindas dos fiéis.

Há nesse momento a frustração por parte do fiel por ter projetado no presbítero a figura heroica do pai perfeito que não teve na infância, e que é desfeita ao se deparar com a realidade humana do presbítero.  Na minha observação as carências existenciais dos fiéis têm como gêneses a relação primitiva com seus genitores, na maioria das vezes traumática, a mesma realidade foi a do presbítero com seus genitores. Assim, é estabelecido um relacionamento simbiótico destrutivo, pautado numa relação abusiva, desgastante e perigosa.

O presbítero ao se colocar ou ser colocado no lugar do pai idealizado do fiel, a imagem idealizada do pai biológico, estará em risco de experimentar sentimentos de frustrações e agressões, críticas infundadas por parte dos fiéis, porque ele nunca irá satisfazer as necessidades infantis projetadas. O presbítero ao ser chamado de pai ocupa na psique do fiel, uma imagem fantasiosa do pai ideal e da mãe ideal, e expressando-se paternalmente e maternalmente cria um emaranhamento nas relações presbítero-fiel, sendo a mesma relação conturbada, reproduzida entre padre-bispo. 

Agindo com atenção afetuosa chama o fiel de filho ou filha e não de irmão, “carregando” as dores dos que o procuram, assim diz a música: “meu cansaço que a outros descansem”, assumem um lugar difícil. Idealizado como um pai espiritual, pai espiritual não tem defeitos, diferentemente dos pais reais que tem defeitos, contradições, erram, tem traumas, tem vícios. O pai espiritual idealizado é sem defeitos, sempre disponível e presente, não dorme, não come, não tem necessidades, não chora, não sente desejos sexuais, sempre disponível para satisfazer as necessidades infantis, satisfação de necessidade que o fiel não teve em sua infância, que seus pais não puderam dar.

Portanto, projeta-se nesse homem, ou melhor na imagem do pai idealizado e espiritual, algo que ele não pode dar por mais que se esforce. A idealização é a negação da realidade como foi e como é, a idealização colabora no alívio da ansiedade infantil, mas não põe fim a ansiedade. Um possível caminho de solução é presbíteros e fiéis se relacionarem como adultos e cada um no seu lugar de direito dentro da instituição, numa relação cooperativa ao invés de competitiva. Isso exige trilhar o caminho da maturidade psíquica-emocional-espiritual, o caminho da sabedoria do bem viver e da humildade.

 

Imagem e realidade


As vestes clericais e/ou roupas litúrgicas não escondem os corpos adoecidos dos presbíteros. As vestes sacras arcaicas retiradas do baú tridentino, carregados de bordados e brocados chamam atenção, podendo funcionar como uma distração para com a insegurança existente, e por conseguinte, podendo ser uma afirmação de um poder de mando exercido para subjugar e não servir, estabelecendo assim, uma relação simbiótica destrutiva, expressa em um poder abusivo. A indústria fashion litúrgica gera grandes lucros, fazendo surgir um paradoxo entre a simplicidade evangélica e o apelo interno do presbítero de ser notado e visto no “palco do altar” de forma espetacular.   

Nos corpos de dois expressivos presbíteros da geração midiática estava presente, por mais que as roupas sacras tentassem ocultar, um sofrimento psíquico profundo prestes a se pronunciar de forma avassaladora. Os dois homens tiveram a coragem, possivelmente movidos pela dificuldade de não conseguirem disfarçar o sofrimento psíquico-emocional, de tornar público o que era ofuscado pelos holofotes e câmeras midiáticas, buscando um deles a ajuda profissional diante de um quadro depressivo e o outro, a ajuda profissional diante de um quadro de ansiedade. As pessoas de vida pública pagam um preço alto pelo status midiático, e os homens religiosos que buscam os holofotes um preço hercúleo.   A verbalização da dor possibilitou o início da cura. O que era negado estava saindo de controle, se tornando mais forte, possuindo-os, e isso é o sentido da palavra possessão, ser dominado por uma força que não se tem controle, uma força destrutiva, onde a única forma de exorcizá-la é descobrindo o nome da força estranha que está no controle, pronunciando-a. “Qual o teu nome?”, perguntou Jesus a um homem possuído, porque o demônio não suporta ouvir o próprio nome. Ele não revelou seu nome, disse que era legião, porque eram muitos. Ao nomear o que é de verdade, a pessoa se liberta.  

Logo, nomear os demônios pedindo que eles se pronunciem, estando atento ao que ­dizem, é o princípio do exorcismo. Esse exorcismo é considerado exitoso quando dito o nome certo da entidade. Somente ao nomeá-lo corretamente é dado início a efetiva cura, iniciada na nomeação da depressão e não da tristeza, da tristeza e não do cansaço. Dizer o que é constitui o princípio da cura, a verdade evidencia a realidade, dissipando a fantasia, o que é admitido perde força, sendo esse o caminho para uma psique saudável. O próprio Cristo disse que a verdade liberta e a dissimulação aprisiona.

A síndrome do pânico e a depressão andam de mãos dadas, depressão e síndrome do pânico são primas-irmãs. Essas duas patologias estão presentes no clero local e do Brasil, sendo mais evidente nos neo-presbíteros, que como filhos desse tempo tem mais intolerância as frustrações, tornando-os menos resilientes. Douton Fé disse: “ser resiliente é ter a capacidade de possuir uma conduta sã num ambiente insano, ou seja, a capacidade de um indivíduo sobrepor-se positivamente frente as adversidades”.

 

Interação como solução


Willian Cesar Castilho Pereira psicólogo clínico e professor da PUCMG, na sua obra intitulada Sofrimento Psíquico dos Presbítero: Dor Institucional, pela editora vozes 2012, aborda diversas questões sobre o adoecimento do clero, apontando soluções do caminho a ser percorrido no exercício do ministério, sendo este caminho, o autoconhecimento e a convivência fraterna dos presbíteros num espírito de cooperação e não de competição. A convivência humana é sempre um desafio, porque na maioria das vezes estabelecemos vínculos simbióticos destrutivos. No entanto, para estabelecermos vínculos simbióticos construtivos temos que curar nossos traumas mais profundos e isso exige coragem, trabalho e perseverança no processo de autoconhecimento. 

Franz Ruppert observa em suas pesquisas outro relevante aspecto que contribui para nossa atual reflexão. Quanto mais profundo e primitivo o trauma mais difícil se torna lembrar de fatos da infância, e quanto mais negamos a existência de traumas pessoais, familiares e institucionais, mais traumatizados somos. Assim, expressamos nas relações nossos traumas, travamos relações tóxicas, destrutivas e competitivas, consequências do trauma.

O sintoma expresso no corpo dos presbíteros está encapsulado na alma, na psique forjada em primeiro lugar na relação com a mãe, posteriormente forjada com os demais membros da família de origem. A gênesis do sofrimento psíquico é multifatorial, no entanto as novas observações apontam para um fator decisivo, a relação simbiótica destrutiva da mãe com seus filhos gerando traumas para toda vida. Isso decorre da dificuldade da mãe em satisfazer as necessidades reais da criança, a começar do período intrauterino.

A qualidade do processo psíquico de simbiose e autonomia que a criança estabelece com sua mãe determinará uma psique saudável ou traumatizada, que se perpetuará na vida numa constante reedição presente nas relações amorosas, relações de trabalho, de poder, amizade e relações institucionais. Mudarão os cenários, mas o roteiro permanecerá. Sendo uma síndrome psíquica mais cedo ou mais tarde ela se manifestará, por meio das estratégias de sobrevivência e de patologias psicossomáticas, ou seja, tarefas adiadas geralmente dão mais trabalho para serem executadas.   

Observo nos corpos da maioria dos presbíteros que a ferida presente na psique gera vínculos simbióticos destrutivos, e quem está ferido fere.  Algumas vezes   se colocam como vítimas, conseguindo assim, muitos adeptos numa espécie de rede de proteção e manipulação sobre seus subordinados diante de seus opositores. A vítima consegue mais aliados do que o perpetrador. Quem se torna vítima tem mais força de atração solidária, quem se torna vítima tem um grande poder. Outras vezes se tornam autoritários, reivindicando uma subserviência dos fiéis, inquestionáveis como homens da verdade absoluta ditada pelo próprio Deus, se valendo de interpretações pessoais dos dogmas da Igreja, como fundamento do autoritarismo. Em ambas as situações o líder religioso se isola e não consegue tecer uma convivência interativa. Essas estratégias de sobrevivência expressam quanto crônico está o trauma e o sofrimento psíquico.       

O sofrimento que teve origem numa família traumatizada é perpetuado numa estrutura institucional traumatizada, ambas adoecidas. O grau do sofrimento se evidencia na disputa pelo poder entre os membros do clero e na relação tóxica com o superior ou bispo. O epíscopo com a psique traumatizada pode representar o poder farisaico, exercendo uma relação de poder abusiva com seu clero, e o clero uma relação abusiva com os fiéis.  O enredo da história de poder abusivo da infância com os pais, se repete nas relações como adulto.  O cenário dos primeiros traumas não é o mesmo, mas, o enredo sim.

Portanto, caso o superior ou o bispo tenham uma psique saudável, exercerão um poder de serviço cooperativo e uma relação simbiótica construtiva, evitando por sua vez relações tóxicas e projeções fantasiosas que os pressionem a ostentar a figura do pai biológico idealizado, que o padre e os fiéis não tiveram. Há de se fazer memória que Jesus e os discípulos sustentaram uma relação fraterna e cooperativa, evitando qualquer tipo de poder destrutivo, legalista. Assim, a forma que aprendemos a lidar, a negociar na família, pelo amor de nossos pais, é a forma que lidamos como adultos nas relações de amizades, parcerias e com quem exercemos algum tipo de poder nas relações institucionais e de trabalho. Caso a relação com os pais tenha sido saudável teremos relações saudáveis como adultos, se foram traumatizantes teremos relações de vítimas e perpetradores, relações simbióticas destrutivas.

 

Sociedade traumatizada


A sociedade produz doenças e a indústria farmacêutica com seus lucros bilionários apresenta a felicidade em comprimidos. Queremos comprar a felicidade e o bem estar em capsulas, isso não é possível. Não que as medicações devem ser abandonadas, elas são suportes terapêuticos importantes, mas, a cura não está nos fármacos e sim na alma, na superação da cisão criada pelo trauma na psique. Se um indivíduo com tendências ao suicídio somente tomar psicotrópicos e não fazer uma psicoterapia que integre seu mundo interior, não irá resolver o problema, somente irá adiar o evento trágico. A Igreja quanto instituição é formada por membros das famílias que compõem essa sociedade traumatizada, os eventos traumáticos são sistêmicos. A Igreja e as famílias não constituem uma bolha imune ao que passa na sociedade, a Igreja também é uma instituição que apresenta traumas profundos e traumatizada frequentemente traumatiza.

O padre Eugen Drewermann, estudioso psicoterapeuta, fez uma observação que custou a sua condenação pelo bispo de Paderbom na Alemanha, afirmou: “nas minhas análises psicoterapêuticas, vejo como as pessoas têm uma imagem de Deus, transmitida pela Igreja, cheia de repressão, de angustia, de sentimento de culpa, de dependência e de despersonalização(...) quando os homens começam a falar de Deus, imediatamente nascem angustias infantis ligadas ao pai, à mãe, símbolos que a Igreja instrumentalizou de forma psicologicamente negativa(...).Portanto, é a mesma Igreja que pretende ainda fixar hoje a verdade das pessoas e da sua salvação em fórmulas administrativas, em jogo de linguagem pré-fabricados e esclerosados(...). A síntese que procuramos fazer entre certa razão moderna e a fé é considerada a mais perigosa ameaça. Por isso, o mal é grave: a um Deus objetivado num discurso frio, opressor, corresponde um homem-sujeito do sistema burocrático e moralista da Igreja. Diante dessa realidade, desse mal-estar que afeta o clero e os leigos, disse: “estamos diante de um autêntico burnout psicoeclesial nas comunidades religiosas masculinas e femininas, diocesanas, interparoquiais (vicariais) e paroquiais”.

Torna-se necessário, apesar do medo de olhar para a realidade traumatizada dos membros da Igreja, da própria instituição, conhecer diagnosticar e intervir sob pena de maiores danos. Na obra organizada por M. Bruscaglioni e E. Spaltro Angeli, é afirmado: “conhecer, diagnosticar e intervir provocam medos e resistências. Nós nos defendemos do diagnóstico, ou seja, do nosso conhecimento e do conhecimento dos outros. As dificuldades de diagnosticar podem também ser entendidas como resistência à mudança(...). Para afirmar claramente o conceito-base de todo diagnostico e intervenção psicológica é preciso afirmar que eles devem ser feitos com o homem e não sobre o homem. Intervenção significa entrar em relação interpessoal, social e coletiva, ou seja, construir liames, conhecimento metablético.  Ser agente de mudança significa determinar mutações com outros homens-sujeitos e não sobre outros homens-objetos. Caso contrário, tudo acaba em violência, ou seja, objetivação, reificação, negação da subjetividade do homem. Preparar-se para o diagnóstico e para a intervenção psicológica significa habilitar-se a sustentar relações interpessoais, sociais e coletivas, ou seja, de pares, de pequeno grupo e de grande organização-instituição”.

 

Conclusão


Penso que podemos trilhar um caminho de superação dos traumas e conseguintemente das relações de competitividade toxicas, acessando a parte saudável da nossa psique, aprendendo a identificar quais são nossas estratégias de sobrevivência, sair da sobrevivência para o viver.  Disse Antônio machado, poeta espanhol, “caminante, no hay camino, se hace caminho al andar. Al andar se hace el camino”. Circunscritos nesse contexto, devemos caminhar no trabalho de psicoterapia individual ou em grupo, a começar no período formativo dos presbíteros.

Retomar a figura do orientador e confessor pessoal, precisamos de um espaço seguro para abrir o coração. Redescobrir os textos dos primeiros padres da Igreja que são luzes para os dias obscuros que vivemos. Eles foram criativos, usaram sua inteligência emocional e olharam para seus medos, dúvidas e traumas. Hoje temos muito acesso as informações com profundos conteúdos, mas falta sabedoria e essa vem da experiência do viver que inclui erros e acertos, sabedoria é experiência e não teoria. Para tanto, é necessário honrar os membros mais antigos do clero, eles chegaram primeiro na ordem do tempo na instituição, os clérigos mais velhos têm naturalmente uma precedência de tempo no grupo dos presbíteros, não se trata de mensurar dignidade, todos os membros do clero têm a mesma dignidade, os mais velhos trazem a experiência, um conhecimento que devem ser compartilhado como aprendizado, sendo a memória do grupo clerical.

Os mais novos, os que chegam no grupo presbiteral evoluem, aperfeiçoam a história com sua criatividade, energia, e tomando o bastão seguem, até que um dia também terão que passá-lo adiante. É necessário cada um permanecer no seu lugar de direito regido pelo tempo, numa postura de diálogo e cultivo de sentimentos, de ternura mútua.  Quando essa ordem não é respeitada num grupo/numa instituição, o sistema organizacional do grupo entra em colapso e nenhum projeto de conjunto terá êxito.

Fazer a devida intervenção quando necessário, de forma proativa e não reativa, intervindo fraternalmente e sem medo nos desequilíbrios de alguns membros do clero e lideranças leigas, o Papa Francisco tem dado o exemplo cortando na própria carne quando necessário nos casos de escândalos que abalam a Igreja. Não se trata de uma exclusão e sim de reparação.

Sair da postura da competição pastoral e de lugar de poder administrativo, passar para uma postura cooperativa em todos os níveis de convivência. Ser menos juízes e mais acolhedores e misericordiosos. Realizar o caminho fecundo da mística, possibilitando o surgimento em primeiro lugar de pastores. Um fiel disse-me certa vez, eu quero um padre pastor em primeiro lugar e não um padre administrador, não quero um empreendedor de “empresa eclesial”, as paroquias não são empresas, constituem espaço sagrado de convivência fraterna e celebrativa.

Portanto, quanto mais a administração ficar nas mãos de leigos idôneos e competentes mais os padres terão tempo de serem pastores. O bispo precisa sair da posição paternalista e tratar os padres como adultos e os presbíteros se comportarem como adultos perante o bispo evitando projeções infantis. O presbítero deverá ter a mesma postura de adulto perante seus fiéis tratando-os também como adultos, tecendo uma relação fraterna e dialogal, sem a presença do medo e da subserviência, dando lugar a ternura e ao respeito mútuo, ao diálogo maduro e a ação colegiada, somos seres gregários e interdependentes. É impensável no complexo mundo que vivemos alguém ter uma ação produtiva sozinha de efetiva produtividade pastoral. Ousar percorrer o caminho do mundo interno, os místicos e os padres do deserto trilharam esse caminho, caminho de acolhimento do joio e do trigo plantado na terra do coração, no cultivo da boa semente atento ao joio, comtemplando a beleza do trigo que cresce e produz seus frutos no tempo certo. Os padres do deserto e místicos tinham uma psique saudável, um mundo interno e emocional integro, atuando e olhando para a vida de forma real e sem fantasias.


Pedro Camilo


 

BIBLIOGRAFIA

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Autor: Pedro Camilo, padre e psicoterapeuta.

Revisora do texto: Verônica Santana Epifânio, professora, pedagoga e mestranda em educação, com ênfase em políticas da educação/alfabetização e processo de alfabetização, pelo Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) / UFES.


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