Observo o fenômeno do adoecimento psicossomático das lideranças
religiosas há anos. No inconsciente do grupo dos clérigos, existe a crença que
as dores físicas são um holocausto agradável a Deus para purificar a alma, sendo
necessário submeter o corpo sob a razão e alienando o corpo para salvar a alma.
Deus não é sádico e a dor física patológica é uma afronta ao mistério salvífico.
Nessa crença demasiadamente anacrônica se evidência uma estratégia de
sobrevivência que adoeceu e adoce gerações de membros do clero. Assim, a
somatização do sofrimento psíquico é a cartografia da enfermidade da psique,
expressa no corpo de cada presbítero. Essas crenças são fruto de uma psique
traumatizada.
Entendo trauma a partir das pesquisas e dos trabalhos do Prof. Dr. Franz
Ruppert, psicólogo e professor da Escola Superior Católica de Munique, do Dr.
Gabo Maté, médico húngaro-canadense e de Peter A. Levine, PHD em física médica
e doutor em psicologia, criador do método somatic experiencing. Sendo
assim, o trauma é a impotência e o desamparo perante riscos de um determinado
evento.
Ocorre quando uma realidade muito difícil nos é imposta e criamos uma ilusão dessa
realidade para substituir a realidade real difícil, com o propósito de sobreviver,
evitando assim, a gêneses da dor do fato traumatizante. Trauma não é o que acontece com você, é o que acontece dentro de você
como resultado do que aconteceu com você. Segundo Franz Ruppert, o stress
decorrente do fato traumatizante é um risco à vida e para se manter vivo ocorre
a cisão da psique em três partes; a saudável, a traumatizada e a da
sobrevivência.
A terceira parte supracitada cria estratégias para sobrevivência ao
trauma como; evitar lembranças do trauma, controlar a si mesmo e as pessoas, procurar
compensações, criar ilusões, atitude de submissão e agressão latente, projeção
nos outros dos próprios sentimentos negativos, congelamento das emoções e negação
da realidade. Com o passar do tempo, a estratégia passa a ser a lente da qual se
enxerga a vida, o que estrutura o comportamento. Para evitar a dor original do
trauma, a psique gera uma contenção de energia psíquica para manter o fato que
originou o trauma “esquecido”, pelo maior tempo possível. Assim, a pessoa passa
a sobreviver e não viver, sendo seu mundo visto de forma distorcida e suas
relações transitadas entre ser vítima e perpetrador.
O corpo e psique que desde a concepção estavam inseparavelmente
entrelaçados no organismo vivo, a partir do trauma fica cindido, sendo visto
como estranho, alienado. Os traumas provocam uma separação do Eu e do Corpo,
exprimindo-se no corpo e na psique por meio de sintomas. Essa cisão é
verificada na expressão “eu tenho um corpo”, mas a verdade é “eu sou o meu
corpo”. Para Franz Ruppert, o trauma psíquico impossibilita a
relação saudável com as pessoas, traz consequências emocionais que não
conseguimos lidar no cotidiano e assim, substituímos a realidade por fantasias.
Franz Ruppert os nomeia traumas da identidade, do amor, da sexualidade e perpetrador-vítima.
Os traumas mais profundos têm sua origem na vida
intrauterina, sendo retroalimentados e cristalizados nas relações competitivas
dos grupos sociais que o indivíduo pertence, o primeiro grupo é a família.
Todos nós temos uma necessidade inata de pertencer a um grupo de semelhantes,
porque somos por natureza seres gregários. As relações de competividade entre
os membros do grupo que pertencemos reforçam as estratégias de sobrevivência,
tonificam os traumas, aumentam os níveis de estresse, levando o organismo a liberar
excesso de cortisol e adrenalina, resultando em adoecimento.
No grupo dos clérigos o nível de competividade
frequentemente é velado no discurso do serviço à Igreja e a maioria dos membros,
fazem um movimento de serem vistos de forma especial pela figura que representa
o poder, o bispo. Na competividade o objetivo é obter o poder, e quem negocia
com o poder quer alguma coisa do poder ou até mesmo se tornar o poder. No fundo,
são adultos que a partir das suas feridas infantis lutam para serem vistos
pelos pais, representados na figura do bispo ou do superior da congregação
religiosa.
A instituição religiosa na qual o presbítero se
tornou membro por força de um rito, gerou um vínculo de pertencimento. No
entanto, essa pertença não promoverá frutos se as relações forem de competição.
Somente pela convivência adulta e saldável nasce o afeto e o vínculo de
pertença afetiva, originando uma relação cooperativa entre os membros. Os
relacionamentos competitivos contribuem para uma cristalização dos traumas, e a
instituição não oferece espaço seguro e adequado de expressão dos conflitos do
mundo interno dos presbíteros.
A falta de
expressão gravada no corpo e sinalizada pelos sintomas, adoecem ainda mais os
indivíduos, e por conseguinte, os relacionamentos estabelecidos entre os demais
membros da instituição, sendo em sua maioria tóxicos. Num círculo vicioso, os
membros traumatizados reforçam suas estratégias de sobrevivência, adoecendo
ainda mais a si próprios, tanto nas relações dentro e fora do grupo do clero, quanto
na própria instituição. Assim entendo que, quando no grupo todos se tratarem
como adultos, a começar pelos membros da hierarquia eclesial, dar-se-á o início
das relações de cooperação, pois cada membro será visto com sua própria
identidade, conectados numa consciência de pertença afetiva e efetiva. Então, far-se-á
necessária a aprendizagem da expressão dos sentimentos conflitivos de forma
saudável e terna.
Vejamos, o confessionário não é um local de
expressão dos conflitos do mundo interno, pois os conflitos expressos nesse
local correm o risco de serem “demonizados” ou serem vistos como “pecado’” tanto
por parte do confessor quanto por parte do penitente. Essa visão moralizante reforça
a repressão psíquica. Os conflitos internos que não são elaborados em ambiente
seguro constituem terreno fértil para o surgimento do pecado, no sentido
originário dessa palavra, em hebraico: errar o alvo. É necessário distinguir
pecado de conflitos psíquicos.
Uma expressão curativa das feridas e dos conflitos
do mundo interno exige tempo, ambiente de confiança, reciprocidade,
assiduidade, disponibilidade e acolhimento. Assim, para alcance significativo
dessas exigências, é preciso ser presente no ouvir sem julgamento, buscando
sempre a habilidade da escuta num processo de ajuda, levando assim, o indivíduo
da vitimização ao protagonismo, do estado de infantilidade para sua condição de
adulto, de sua fixação no passado para o tempo presente, onde ele passa a
encontrar sua força de mudança e a responsabilidade pela sua própria vida.
Portanto,
quem ouve tem que ter passado pela experiência de ter falado de si mesmo, de
seus próprios conflitos, para alguém experimentado. Uma figura adequada poderia
ser um conselheiro espiritual habilidoso, humano e experiente. Necessariamente
não precisa ser alguém formado em psicologia, e sim alguém que tenha feito o
caminho interno e se humanizado com suas próprias dores, porque há quem passe
pela dor e se torna amável e quem passe pela mesma dor e se torna amargo. Não
pode ser um ouvinte jovem, esse ainda não teve tempo de vida para trilhar os
vales do coração e da vida espiritual. Não é uma questão de conhecimento
intelectual e sim de sabedoria, que somente o tempo de experiência concede para
quem permaneceu e permanece aberto à força da vida que nos renova. Logo, é
necessário ter percorrido “as moradas do castelo interior”, nas palavras de
Santa Tereza d’Ávila, porque existe uma diferença entre conhecer o caminho e
trilhar o caminho. Bessel
Van der Kolk diz: “apoio social não é o mesmo que estar na presença de outra
pessoa, é estar de forma recíproca, é a reciprocidade que faz a diferença, ser
verdadeiramente ouvido e ser visto pelas pessoas ao nosso redor, sentir que
estamos seguros no coração e na mente de outra pessoa. Mas se suprimo quem sou,
ninguém nunca vai me ver e posso ser muito legal com milhares de pessoas que me
amam, mas nenhuma delas me conhece e no fundo estou isolado”.
De todo trauma dá-se origem a uma estratégia de sobrevivência. É a
maneira que a psique encontra de evitar a dor. Para alguns a escolha do
ministério pode ser uma estratégia de sobrevivência. Isso me toca
profundamente pois sou membro de um presbitério há quase três décadas e percebo
que o sofrimento psíquico é latente nas relações clericais, pautada na
competividade e não na cooperatividade. Embora a maioria dos membros do grupo
dos presbíteros sinta o mal-estar da toxicidade das relações, não conseguimos
enxergá-lo e nem o nomear. Bem disse Clarice Lispector, “o óbvio é a verdade
mais difícil de se enxergar”. A luz da verdade evidente ofusca os olhos. Negamos a realidade e vivemos de fantasias,
todos sabem que o rei está nu na sacada do palácio discursando, mas, ninguém ousa
denunciá-lo, mas pelo contrário, os membros da corte e os plebeus ouvem e
admiram o discurso vazio.
Ações corajosas
Nos últimos anos a Igreja realizou movimentos significativos buscando respostas
acerca da realidade do sofrimento psíquico e emocional de alguns membros do
clero, membros esses, que sofrem e fazem todos sofrerem, pois se um membro
sofre, todos os outros sofrem (1Cor. 12,26). Foram posições corajosas, no
passado não tão distante, a regra era de negação dos conflitos causados por
crimes de violência contra as crianças, enriquecimento ilícito do clero etc. Em
muitas Igrejas particulares e congregações, os critérios de seleção e admissão
ao seminário passam pela colaboração de profissionais leigos da área da
psicoterapia. A psicoterapia é uma importante aliada da espiritualidade. Um religioso
precisa se autoconhecer para interagir como indivíduo adulto de forma saudável
no grupo ao qual pertence.
As normativas e punições sobre abusos de crianças e adolescentes por
alguns membros do clero chegaram corajosamente pelas mãos do Papa Francisco. O
idoso olhou com ternura e compaixão para as jovens vítimas, e essas
possivelmente já se encontravam marcadas pelo trauma do amor originado na
relação mãe-filho no âmbito familiar. Esses perpetradores são indivíduos fixados
no trauma sexual, eles conseguem identificar suas vítimas que “exalam”
carências originadas do trauma do amor. As vítimas expõem suas necessidades do
contato de amor verdadeiro de forma inconsciente e exposta, poderá ser retraumatizada
por um novo perpetrador, deixando-se assim, se envolver num arranjo de
sofrimento vítima-perpetrador.
Portanto, o círculo vicioso de sofrimento psíquico devido aos abusos do
passado se torna crescentes e mais intensos na nova relação abusiva. O
perpetrador não chega em todos, chega apenas nos que são vulneráveis psiquicamente.
A vítima busca o amor e encontra um contato físico abusivo. Assim, perpetrador
e vítima foram traumatizados um dia em sua infância, devendo ambos serem vistos
com amor. Logo, as leis sancionadas
pela Igreja Católica sobre questões de abusos são fundamentais e deverão gerar
os próximos passos necessários; a educação do mundo interno de cada presbítero tanto
no presente quanto no futuro e a colaboração da Igreja no processo de formação
da ética cristã nas famílias. A lei frutuosa é a de caráter coercitivo e educativo,
sendo necessário um olhar amoroso para as vítimas e os perpetradores num
movimento resolutivo, ou seja, um olhar de justiça inclusiva e nunca de
vingança e exclusão.
O Óbvio
sentido, sem voz
Sinto em meu corpo e vejo nos corpos dos meus pares o incômodo de adaptar-se
a um modelo de presbítero posto como ideal. Essa idealização arcaica se contrapõe
com a realidade dos membros do presbitério nos tempos atuais. Alguns
presbíteros na tentativa de construir uma identidade fazem um movimento externo,
usando roupas litúrgicas tridentinas com brocados reluzentes, já outros fazem o
movimento contrário, usando vestes litúrgicas tristemente simplórias. Esses
movimentos de busca de identidade presbiteral no foco externo não ajudam e nem
tem força. O movimento permanente e produtivo nasce de dentro. Na esteira do
movimento externo estão a maioria dos que aspiram ser padre, afinal o desejo
começa com o olhar. Já alertou o Mestre,
“[...]não se põem remendo novo em vestes velhas” (Mt.9:16) e o contrário é
verdadeiro, não se põem remendo velho em vestes novas. Desafios novos exigem
novas respostas e soluções criativas que expressem verdade e congruência.
Alguns líderes religiosos lançam mão da máscara do otimismo e alegria
durante uma ação litúrgica sob o rosto abatido e triste, alguns presbíteros
vivem uma desconexão entre o que sente e o que é dito em público, sendo o saldo,
uma ação litúrgica desgastante, vazia e um presbítero dividido internamente. Se
pelo contrário, o presbítero tomar consciência que pode celebrar com suas dores
e tristezas, expressando esses sentimentos e emoções, a assembleia ficará
tocada e ele seguro ao expressar a verdade interna.
Afinal o mistério celebrado é o memorial da vida, paixão, morte e
ressurreição do Senhor e quem o preside está misticamente ligado ao mistério
celebrado, podendo sorrir e chorar com o Senhor, a partir da sua própria
experiência de vida. Lembro-me de Fernando Pessoa através de seu heterônimo
Álvaro de Campos em um trecho do poema intitulado Tabacaria, que diz, “[...]Fiz de mim o que não soube, e o que
podia fazer de mim não o fiz. O dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo
por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara,
estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, já tinha envelhecido[...].”
(CAMPOS, 1944, p.252). Diz Gabo
Mate sabiamente: “Quando vivemos desempenhando papeis, estamos
sobrevivendo, e o nível de estresse se torna alto e isso leva ao adoecimento.
Desempenhar papeis leva ao adoecimento, porque fazer isso é estressante. Por
trás do desempenho de papeis existe o medo, e o medo é um estado de estresse.”
Viver divido é sobreviver, e o modo de sobrevivência é insuportável, é
adoecedor. Quanto mais o indivíduo cria e encontra estratégias de sobrevivência
para evitar o sofrimento psíquico, mais ele mergulha em ilusões que comprometem
sua identidade, podendo mais cedo ou mais tarde se ver impossibilitado de viver
uma vida autônoma e criativa, dando lugar as patologias da depressão, da
síndrome de Burnout e outras doenças físicas e psíquicas, podendo levar alguns
ao surto e ao suicídio. Recordo-me que numa conversa informal, um conhecido
irmão que é pastor evangélico expressou sua preocupação sobre esta temática do
suicídio e outras doenças que acometem o grupo de pastores protestantes e
evangélicos-pentecostais. Sua abordagem pontuava o alto índice de suicídios
entre os pastores nos últimos cinco anos, sendo causa de grande preocupação na
comunidade evangélica. As lideranças religiosas estão num grande sofrimento
psíquico, independentemente de sua confissão religiosa. A dor emocional e
psíquica não se cura com citações dogmáticas religiosas, se cura mergulhando
nas próprias emoções de forma responsável e amparado por quem já percorreu o
mesmo caminho.
Dados
apontam que no clero católico brasileiro entre os anos de 2017 e 2018 houve
vinte casos de suicídios e dia após dia presenciamos presbíteros tentando e
conseguindo tirar a própria vida, somando-se até julho de 2021 cinco novos casos
confirmados. Ademais, nos vemos circunscritos na pandemia da Covid-19 que
ceifou e ainda ceifa milhares de vidas. Escreveu Alberto Camus: “o suicida
prepara o suicídio como uma obra de arte”. E nós não observamos a preparação
porque nossas relações estão cada vez mais destituídas de afeto e mais
competitivas. Quando a obra de arte está pronta nos espantamos de pavor e nos
silenciamos até a próxima vítima.
O
desencanto pela própria vida e o ministério presbiteral evidencia-se no abuso
do álcool, aumento do número de obesos e diabéticos, pressão arterial
descontrolada e aumento de cardiopatias, isolamento e reclusão, vida sexual
perversiva, ações heroicas inócuas, excesso de atividades sem o devido descanso
causando exaustão física e psíquica, depressão e ansiedade, e consequentemente,
um aumento de membros do clero tomando fármacos como ansiolíticos e hipnóticos.
É preciso lembrar alerta Gabo Mate que “as doenças decorrem do padrão,
estilo de vida que uma pessoa desenvolve na vida. As doenças aparecem como
característica do estilo de vida, que é vivido de forma inconsciente. Doença
não é uma entidade fixa, é um processo que não está separado da vida da pessoa.’
É perceptível o expressivo adoecimento psíquico dos presbíteros no
Brasil sem o suporte necessário, e o crescimento da espiritualidade alienante
poderá levar mais cedo ou mais tarde ao aumento de casos de suicídio e surtos
psicóticos. As evidências estão nos corpos dos presbíteros, “eu sou o meu
corpo” e ao contrário do que foi dito: “quem vê cara não vê coração”, engana-se,
“quem vê cara, vê coração”. Tudo está presente em nosso corpo, ou seja, dores,
alegrias, traumas, desejos e frustrações. Nossa identidade é expressa no corpo,
tudo em nós realizado ou frustrado, pensado ou suprimido, se fez carne. A mente,
mente, o corpo sempre diz a verdade.
Nos corpos sagrados do clero, por serem humanos, porque todos os corpos
são sagrados e toda carne é sagrada, está escrito os traumas. Os líderes
religiosos pagam um alto preço ao esquecerem seu corpo, afinal a carne é
sagrada e Templo do Espírito. Assim, a sacralidade da carne ocupa no ato de fé
um lugar privilegiado, “creio na ressurreição da carne”, a alma se expressar no
corpo. Logo, cuidando do corpo com equilíbrio, teremos o corpo que merecemos,
uma vida saudável.
Os presbíteros são seres desejantes e desejados, que agindo “in persona
Christi” em momentos litúrgicos continuam humanos. No entanto, alguns
presbíteros usurpam a “imagem divina”, apegando-se a ela como sua primeira
expressão. Essa ação é contraria a de Jesus que se expressou em plenitude em
sua humanidade. Desejando se tornar humano o Verbo se fez Carne, ou seja, toda
carne é santificada e sagrada. Assim, o presbítero que despreza sua humanidade comunica
a imagem de um ser perfeito e mítico através das vestes litúrgicas e de certos
ritos arcaicos. Isso é uma imagem fantasiosa, a comunicação corporal sob as
vestes é real e a comunicação verbal passa por filtros sociais, “a mente, mente”,
mas a corporeidade exprime fatos.
A imagem fantasiosa comunicada aos fiéis é creditada dentro do sistema
de crenças do qual ambos pertencem. Assim, num ciclo crescente de tenção
psíquica e emocional evidencia-se esgotamentos e sofrimentos, fantasias e desencanto,
decorrentes da cisão psíquica original. Muitos fiéis acreditam na “imagem
perfeita”, e por acreditarem, fazem exigências sobre-humanas ao presbítero para
suprimir suas carências existenciais. Desse modo, os presbíteros por serem
meramente humanos não podem satisfazer as necessidades dos outros, porque nem
conseguem satisfazer as suas próprias necessidades. No entanto, impelidos pelo
sistema de crenças do qual pertencem, que é do sacrifício, se lançam em satisfazer
as necessidades infantis dos fiéis, surgindo assim, a sensação de impotência por
parte do presbitério, porque nunca irá satisfazer as necessidades infantis advindas
dos fiéis.
Há nesse momento a frustração por parte do fiel por ter projetado no
presbítero a figura heroica do pai perfeito que não teve na infância, e que é
desfeita ao se deparar com a realidade humana do presbítero. Na minha
observação as carências existenciais dos fiéis têm como gêneses a relação
primitiva com seus genitores, na maioria das vezes traumática, a mesma realidade
foi a do presbítero com seus genitores. Assim, é estabelecido um relacionamento
simbiótico destrutivo, pautado numa relação abusiva, desgastante e perigosa.
O presbítero ao se colocar ou ser colocado no
lugar do pai idealizado do fiel, a imagem idealizada do pai biológico, estará
em risco de experimentar sentimentos de frustrações e agressões, críticas
infundadas por parte dos fiéis, porque ele nunca irá satisfazer as necessidades
infantis projetadas. O presbítero ao ser chamado de pai ocupa na psique do
fiel, uma imagem fantasiosa do pai ideal e da mãe ideal, e expressando-se
paternalmente e maternalmente cria um emaranhamento nas relações presbítero-fiel,
sendo a mesma relação conturbada, reproduzida entre padre-bispo.
Agindo com atenção afetuosa chama o fiel de filho ou filha e não de
irmão, “carregando” as dores dos que o procuram, assim diz a música: “meu cansaço
que a outros descansem”, assumem um lugar difícil. Idealizado como um pai
espiritual, pai espiritual não tem defeitos, diferentemente dos pais reais que tem
defeitos, contradições, erram, tem traumas, tem vícios. O pai espiritual
idealizado é sem defeitos, sempre disponível e presente, não dorme, não come,
não tem necessidades, não chora, não sente desejos sexuais, sempre
disponível para satisfazer as necessidades infantis, satisfação de
necessidade que o fiel não teve em sua infância, que seus pais não puderam dar.
Portanto, projeta-se nesse homem, ou melhor na imagem do pai idealizado
e espiritual, algo que ele não pode dar por mais que se esforce. A idealização
é a negação da realidade como foi e como é, a idealização colabora no alívio da
ansiedade infantil, mas não põe fim a ansiedade. Um possível caminho de solução
é presbíteros e fiéis se relacionarem como adultos e cada um no seu lugar de
direito dentro da instituição, numa relação cooperativa ao invés de competitiva.
Isso exige trilhar o caminho da maturidade psíquica-emocional-espiritual, o caminho
da sabedoria do bem viver e da humildade.
Imagem e realidade
As vestes clericais e/ou roupas litúrgicas não escondem os corpos
adoecidos dos presbíteros. As vestes sacras arcaicas retiradas do baú
tridentino, carregados de bordados e brocados chamam atenção, podendo funcionar
como uma distração para com a insegurança existente, e por conseguinte, podendo
ser uma afirmação de um poder de mando exercido para subjugar e não servir,
estabelecendo assim, uma relação simbiótica destrutiva, expressa em um poder
abusivo. A indústria fashion litúrgica gera grandes lucros, fazendo surgir um
paradoxo entre a simplicidade evangélica e o apelo interno do presbítero de ser
notado e visto no “palco do altar” de forma espetacular.
Nos corpos de dois expressivos presbíteros da geração midiática estava
presente, por mais que as roupas sacras tentassem ocultar, um sofrimento
psíquico profundo prestes a se pronunciar de forma avassaladora. Os dois homens
tiveram a coragem, possivelmente movidos pela dificuldade de não conseguirem
disfarçar o sofrimento psíquico-emocional, de tornar público o que era ofuscado
pelos holofotes e câmeras midiáticas, buscando um deles a ajuda profissional
diante de um quadro depressivo e o outro, a ajuda profissional diante de um
quadro de ansiedade. As pessoas de vida pública pagam um preço alto pelo status
midiático, e os homens religiosos que buscam os holofotes um preço
hercúleo. A verbalização da dor possibilitou o início da cura. O
que era negado estava saindo de controle, se tornando mais forte, possuindo-os,
e isso é o sentido da palavra possessão, ser dominado por uma força que não se
tem controle, uma força destrutiva, onde a única forma de exorcizá-la é
descobrindo o nome da força estranha que está no controle, pronunciando-a.
“Qual o teu nome?”, perguntou Jesus a um homem possuído, porque o demônio não
suporta ouvir o próprio nome. Ele não revelou seu nome, disse que era legião,
porque eram muitos. Ao nomear o que é de verdade, a pessoa se liberta.
Logo, nomear os demônios pedindo que eles se pronunciem, estando atento ao
que dizem, é o princípio do exorcismo. Esse exorcismo é considerado exitoso quando
dito o nome certo da entidade. Somente ao nomeá-lo corretamente é dado início a
efetiva cura, iniciada na nomeação da depressão e não da tristeza, da tristeza
e não do cansaço. Dizer o que é constitui o princípio da cura, a verdade evidencia
a realidade, dissipando a fantasia, o que é admitido perde força, sendo esse o
caminho para uma psique saudável. O próprio Cristo disse que a verdade liberta
e a dissimulação aprisiona.
A síndrome do pânico e a depressão andam de mãos dadas, depressão e
síndrome do pânico são primas-irmãs. Essas duas patologias estão presentes no
clero local e do Brasil, sendo mais evidente nos neo-presbíteros, que como
filhos desse tempo tem mais intolerância as frustrações, tornando-os menos
resilientes. Douton Fé disse: “ser resiliente é ter a capacidade de possuir uma
conduta sã num ambiente insano, ou seja, a capacidade de um indivíduo sobrepor-se
positivamente frente as adversidades”.
Interação como solução
Willian Cesar Castilho Pereira psicólogo clínico e professor da PUCMG, na
sua obra intitulada Sofrimento Psíquico dos Presbítero: Dor Institucional, pela
editora vozes 2012, aborda diversas questões sobre o adoecimento do clero, apontando
soluções do caminho a ser percorrido no exercício do ministério, sendo este caminho,
o autoconhecimento e a convivência fraterna dos presbíteros num espírito de
cooperação e não de competição. A convivência humana é sempre um desafio,
porque na maioria das vezes estabelecemos vínculos simbióticos destrutivos. No
entanto, para estabelecermos vínculos simbióticos construtivos temos que curar
nossos traumas mais profundos e isso exige coragem, trabalho e perseverança no processo
de autoconhecimento.
Franz Ruppert observa em suas pesquisas outro relevante aspecto que
contribui para nossa atual reflexão. Quanto mais profundo e primitivo o trauma
mais difícil se torna lembrar de fatos da infância, e quanto mais negamos a
existência de traumas pessoais, familiares e institucionais, mais traumatizados
somos. Assim, expressamos nas relações nossos traumas, travamos relações tóxicas,
destrutivas e competitivas, consequências do trauma.
O sintoma expresso no corpo dos presbíteros está encapsulado na alma, na
psique forjada em primeiro lugar na relação com a mãe, posteriormente forjada com
os demais membros da família de origem. A gênesis do sofrimento psíquico é
multifatorial, no entanto as novas observações apontam para um fator decisivo, a
relação simbiótica destrutiva da mãe com seus filhos gerando traumas para toda
vida. Isso decorre da dificuldade da mãe em satisfazer as necessidades reais da
criança, a começar do período intrauterino.
A qualidade do processo psíquico de simbiose e autonomia que a criança
estabelece com sua mãe determinará uma psique saudável ou traumatizada, que se
perpetuará na vida numa constante reedição presente nas relações amorosas,
relações de trabalho, de poder, amizade e relações institucionais. Mudarão os cenários,
mas o roteiro permanecerá. Sendo uma síndrome psíquica mais cedo ou mais tarde
ela se manifestará, por meio das estratégias de sobrevivência e de patologias
psicossomáticas, ou seja, tarefas adiadas geralmente dão mais trabalho para
serem executadas.
Observo nos corpos da maioria dos presbíteros que a ferida presente na
psique gera vínculos simbióticos destrutivos, e quem está ferido fere. Algumas vezes se colocam como
vítimas, conseguindo assim, muitos adeptos numa espécie de rede de proteção e manipulação
sobre seus subordinados diante de seus opositores. A vítima consegue mais
aliados do que o perpetrador. Quem se torna vítima tem mais força de atração
solidária, quem se torna vítima tem um grande poder. Outras vezes se tornam
autoritários, reivindicando uma subserviência dos fiéis, inquestionáveis como
homens da verdade absoluta ditada pelo próprio Deus, se valendo de
interpretações pessoais dos dogmas da Igreja, como fundamento do autoritarismo.
Em ambas as situações o líder religioso se isola e não consegue tecer uma
convivência interativa. Essas estratégias de sobrevivência expressam quanto crônico
está o trauma e o sofrimento psíquico.
O sofrimento que teve origem numa família traumatizada é perpetuado numa
estrutura institucional traumatizada, ambas adoecidas. O grau do sofrimento se
evidencia na disputa pelo poder entre os membros do clero e na relação tóxica
com o superior ou bispo. O epíscopo com a psique traumatizada pode representar
o poder farisaico, exercendo uma relação de poder abusiva com seu clero, e o
clero uma relação abusiva com os fiéis. O
enredo da história de poder abusivo da infância com os pais, se repete nas
relações como adulto. O cenário dos
primeiros traumas não é o mesmo, mas, o enredo sim.
Portanto, caso o superior ou o bispo tenham uma psique saudável, exercerão
um poder de serviço cooperativo e uma relação simbiótica construtiva, evitando
por sua vez relações tóxicas e projeções fantasiosas que os pressionem a
ostentar a figura do pai biológico idealizado, que o padre e os fiéis não
tiveram. Há de se fazer memória que Jesus e os discípulos sustentaram uma
relação fraterna e cooperativa, evitando qualquer tipo de poder destrutivo,
legalista. Assim, a forma que aprendemos a lidar, a negociar na família, pelo
amor de nossos pais, é a forma que lidamos como adultos nas relações de
amizades, parcerias e com quem exercemos algum tipo de poder nas relações
institucionais e de trabalho. Caso a relação com os pais tenha sido saudável
teremos relações saudáveis como adultos, se foram traumatizantes teremos relações
de vítimas e perpetradores, relações simbióticas destrutivas.
Sociedade traumatizada
A sociedade produz doenças e a indústria farmacêutica com seus lucros
bilionários apresenta a felicidade em comprimidos. Queremos comprar a
felicidade e o bem estar em capsulas, isso não é possível. Não que as
medicações devem ser abandonadas, elas são suportes terapêuticos importantes,
mas, a cura não está nos fármacos e sim na alma, na superação da cisão criada
pelo trauma na psique. Se um indivíduo com tendências ao suicídio somente tomar
psicotrópicos e não fazer uma psicoterapia que integre seu mundo interior, não
irá resolver o problema, somente irá adiar o evento trágico. A Igreja quanto
instituição é formada por membros das famílias que compõem essa sociedade
traumatizada, os eventos traumáticos são sistêmicos. A Igreja e as famílias não
constituem uma bolha imune ao que passa na sociedade, a Igreja também é uma instituição
que apresenta traumas profundos e traumatizada frequentemente traumatiza.
O padre Eugen Drewermann, estudioso psicoterapeuta, fez uma observação
que custou a sua condenação pelo bispo de Paderbom na Alemanha, afirmou: “nas
minhas análises psicoterapêuticas, vejo como as pessoas têm uma imagem de Deus,
transmitida pela Igreja, cheia de repressão, de angustia, de sentimento de
culpa, de dependência e de despersonalização(...) quando os homens começam a
falar de Deus, imediatamente nascem angustias infantis ligadas ao pai, à mãe,
símbolos que a Igreja instrumentalizou de forma psicologicamente negativa(...).Portanto,
é a mesma Igreja que pretende ainda fixar hoje a verdade das pessoas e da sua
salvação em fórmulas administrativas, em jogo de linguagem pré-fabricados e
esclerosados(...). A síntese que procuramos fazer entre certa razão moderna e a
fé é considerada a mais perigosa ameaça. Por isso, o mal é grave: a um Deus
objetivado num discurso frio, opressor, corresponde um homem-sujeito do sistema
burocrático e moralista da Igreja. Diante dessa realidade, desse mal-estar que
afeta o clero e os leigos, disse: “estamos diante de um autêntico burnout
psicoeclesial nas comunidades religiosas masculinas e femininas, diocesanas,
interparoquiais (vicariais) e paroquiais”.
Torna-se necessário, apesar do medo de olhar para a realidade
traumatizada dos membros da Igreja, da própria instituição, conhecer
diagnosticar e intervir sob pena de maiores danos. Na obra organizada por M.
Bruscaglioni e E. Spaltro Angeli, é afirmado: “conhecer, diagnosticar e
intervir provocam medos e resistências. Nós nos defendemos do diagnóstico, ou
seja, do nosso conhecimento e do conhecimento dos outros. As dificuldades de
diagnosticar podem também ser entendidas como resistência à mudança(...). Para
afirmar claramente o conceito-base de todo diagnostico e intervenção
psicológica é preciso afirmar que eles devem ser feitos com o homem e não sobre
o homem. Intervenção significa entrar em relação interpessoal, social e
coletiva, ou seja, construir liames, conhecimento metablético. Ser agente de mudança significa determinar
mutações com outros homens-sujeitos e não sobre outros homens-objetos. Caso
contrário, tudo acaba em violência, ou seja, objetivação, reificação, negação
da subjetividade do homem. Preparar-se para o diagnóstico e para a intervenção
psicológica significa habilitar-se a sustentar relações interpessoais, sociais e
coletivas, ou seja, de pares, de pequeno grupo e de grande organização-instituição”.
Conclusão
Penso que podemos trilhar um caminho de superação dos traumas e
conseguintemente das relações de competitividade toxicas, acessando a parte
saudável da nossa psique, aprendendo a identificar quais são nossas estratégias
de sobrevivência, sair da sobrevivência para o viver. Disse Antônio machado, poeta espanhol, “caminante, no hay camino, se hace caminho al
andar. Al andar se hace el camino”. Circunscritos nesse contexto, devemos
caminhar no trabalho de psicoterapia individual ou em grupo, a começar no
período formativo dos presbíteros.
Retomar a figura do orientador e confessor pessoal, precisamos de um
espaço seguro para abrir o coração. Redescobrir os textos dos primeiros padres
da Igreja que são luzes para os dias obscuros que vivemos. Eles foram
criativos, usaram sua inteligência emocional e olharam para seus medos, dúvidas
e traumas. Hoje temos muito acesso as informações com profundos conteúdos, mas
falta sabedoria e essa vem da experiência do viver que inclui erros e acertos,
sabedoria é experiência e não teoria. Para tanto, é necessário honrar os membros
mais antigos do clero, eles chegaram primeiro na ordem do tempo na instituição,
os clérigos mais velhos têm naturalmente uma precedência de tempo no grupo dos
presbíteros, não se trata de mensurar dignidade, todos os membros do clero têm
a mesma dignidade, os mais velhos trazem a experiência, um conhecimento que
devem ser compartilhado como aprendizado, sendo a memória do grupo clerical.
Os mais novos, os que chegam no grupo presbiteral evoluem, aperfeiçoam a
história com sua criatividade, energia, e tomando o bastão seguem, até que um
dia também terão que passá-lo adiante. É necessário cada um permanecer no seu
lugar de direito regido pelo tempo, numa postura de diálogo e cultivo de
sentimentos, de ternura mútua. Quando essa
ordem não é respeitada num grupo/numa instituição, o sistema organizacional do
grupo entra em colapso e nenhum projeto de conjunto terá êxito.
Fazer a devida intervenção quando necessário, de forma proativa e não
reativa, intervindo fraternalmente e sem medo nos desequilíbrios de alguns
membros do clero e lideranças leigas, o Papa Francisco tem dado o exemplo
cortando na própria carne quando necessário nos casos de escândalos que abalam
a Igreja. Não se trata de uma exclusão e sim de reparação.
Sair da postura da competição pastoral e de lugar de poder
administrativo, passar para uma postura cooperativa em todos os níveis de
convivência. Ser menos juízes e mais acolhedores e misericordiosos. Realizar o
caminho fecundo da mística, possibilitando o surgimento em primeiro lugar de
pastores. Um fiel disse-me certa vez, eu quero um padre pastor em primeiro
lugar e não um padre administrador, não quero um empreendedor de “empresa
eclesial”, as paroquias não são empresas, constituem espaço sagrado de convivência
fraterna e celebrativa.
Portanto, quanto mais a administração ficar nas mãos de leigos idôneos e
competentes mais os padres terão tempo de serem pastores. O bispo precisa sair
da posição paternalista e tratar os padres como adultos e os presbíteros se
comportarem como adultos perante o bispo evitando projeções infantis. O
presbítero deverá ter a mesma postura de adulto perante seus fiéis tratando-os
também como adultos, tecendo uma relação fraterna e dialogal, sem a presença do
medo e da subserviência, dando lugar a ternura e ao respeito mútuo, ao diálogo
maduro e a ação colegiada, somos seres gregários e interdependentes. É
impensável no complexo mundo que vivemos alguém ter uma ação produtiva sozinha
de efetiva produtividade pastoral. Ousar percorrer o caminho do mundo interno,
os místicos e os padres do deserto trilharam esse caminho, caminho de
acolhimento do joio e do trigo plantado na terra do coração, no cultivo da boa
semente atento ao joio, comtemplando a beleza do trigo que cresce e produz seus
frutos no tempo certo. Os padres do deserto e místicos tinham uma psique
saudável, um mundo interno e emocional integro, atuando e olhando para a vida
de forma real e sem fantasias.
Pedro Camilo
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Autor: Pedro Camilo, padre e
psicoterapeuta.
Revisora do texto: Verônica Santana Epifânio, professora,
pedagoga e mestranda em educação, com ênfase em políticas da educação/alfabetização
e processo de alfabetização, pelo Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE)
/ UFES.